Mantendo a Chama acesa...

Todos nós nascemos uma folha em branco!
Mal chegamos ao mundo começamos a registar toda a informação que os nossos sentidos permitem alcançar, e à medida que crescemos vamo-la padronizando de modo a entender como as coisas funcionam à nossa volta.
Muitos desses padrões são-nos fornecidos pelos que já cá estavam, como que se nos passassem a chama olímpica para que depois da nossa corrida a déssemos à geração seguinte!
Somos concebidos de forma a acumular informação, questioná-la e aperfeiçoá-la, de modo a darmos mais um contributo no sentido da nossa evolução. Por isso somos dotados da Curiosidade!
Todo este processo se vicia quando se aceita a formatação preliminar e não se a confronta com o que se sabe.
Aos “velhos do Restelo” eu pergunto se faz sentido regermo-nos cegamente por aquilo que pensavam os nossos antepassados se hoje sabemos mais e melhor do que eles? Se não é imperativo pelo menos questionar, e quando acharmos conveniente confrontar, para então renovar? Quando se inventa uma nova vacina faz sentido dá-la a toda a gente antes de a testar? E se porventura tiver sido aprovada, devemos mantê-la se aparecer algum indício de que estávamos enganados acerca dos seus resultados? O pior cego é o que não quer ver!
O conservador prefere ficar na ilusão da terra firme (que quando menos se espera estremece), enquanto o vanguardista destemido parte à descoberta do além. Foram estes que a história condecorou na memória dos demais.

What you do in life, echoes in eternity!

Nota: Aqui aceitam-se "porquês" a tudo, e apenas se rejeitam respostas como "porque sim", e "porque sempre foi assim". Portanto toca a reformatar!

06-05-2008
AVM

quarta-feira, 7 de maio de 2008

I do...not!

Um sonho infantil para as mulheres; um pesadelo para os homens; uma restrição para casais menos ortodoxos!
Hoje muito debate se ergue em torno da figura do casamento:
-quanto tempo de relação será suficiente para dar o nó?;
-casamento e carreira - será cedo ou tarde demais?;
-para os homens é sempre cedo de mais para dizer adeus à vida de solteiro;
-é ridículo casar depois dos 50?;
-o casamento entre pessoas do mesmo sexo -sim ou não?;
-a aceitabilidade do divórcio, ou divórcios;
-etc., etc..
Uma pergunta mais pertinente parece-me ser...para quê?
O casamento é um contrato entre duas pessoas que se obrigam perante a lei a ficar juntas, com tudo o que isso implica. É um contrato pessoal, o único, penso eu, que ainda existe, pois dessa categoria só me ocorrem os contratos de enfeudação, servidão e de escravatura, hoje obviamente incompatíveis com a Dignidade Humana.
Há muitos milhares de anos, quando o ser humano dava os primeiros passos no sentido da civilização, homem e mulher convencionaram uma forma eficiente de dividirem tarefas. E assim, já que da mulher eram mais dependentes as crianças ainda indefesas, o homem ficava responsável pela caça e pela protecção da comunidade, enquanto aquela tratava de tudo o resto que lhe permitisse ao mesmo tempo proteger os filhos.
À medida que a sociedade evoluiu, este papel que a mulher assumiu foi-se tornando redutor ao ponto de ser concebida como propriedade à mercê do homem da casa. Inicialmente, dependente do pai ou do irmão, havia que assegurar que, uma vez transferida a propriedade deste ser reprodutor e ama de futuros filhos, fosse sustentado vitaliciamente pelo novo “proprietário”. Eis que surge a figura do Casamento. Nada mais do que um contrato entre homens, que muitas vezes implicava também a transferência de uma quantia, um dote, e quando celebrado entre famílias prósperas e influentes, era utilizado como um símbolo de união política.
Pelo tipo de interesses que progressivamente vieram a orbitar em torno desta figura, ela foi adquirindo uma natureza complexa, sendo sujeita a intensas negociações antes de ser celebrada, e geradora de deveres bastante rigorosos, que normalmente apenas se esperava serem observados pela mulher.
Mais tarde, por volta do séc. XVI d.C., este instituto foi cristalizado entre os demais da Igreja, mais uma vez por razões muito pragmáticas:
até aí, a única formalidade requerida para que um casamento fosse válido era que à pergunta feita pelo Homem - “queres casar comigo?”- a mulher respondesse “quero”, o que obviamente gerava muitos problemas quando meninas cuja mão havia sido prometida em criança já eram alegadamente “casadas” antes da data do casamento prometido a outro homem. Eis que se acordou então , no Concílio de Trento (1545-1563), que seria necessário que a união fosse celebrada numa cerimónia mais complexa presidida e orientada por um sacerdote, para que o contrato fosse válido perante a sociedade. Foi assim que se tornou “sagrado” o casamento, por ser celebrado ante “Deus”, argumento hoje utilizado pela Igreja Cristã para não aceitar o divórcio.
Na civilização ocidental do séc. XXI deparamo-nos com a mulher emancipada e independente capaz de se sustentar sozinha, razão pela qual aliás a taxa de divórcios e de mães solteiras é tão elevada.
Então para quê casar?
Porque é giro, porque é uma tradição, porque sempre foi assim!
Chega?
Convenhamos que se um casal é apaixonado, compatível e capaz de se dar bem durante as várias fases da vida, ele é-lo com ou sem o casamento.
Agora, todos os outros casais, que se casam pelas mais incríveis razões, e que acabam por viver durante anos com alguém literalmente por obrigação, com receio das pesadas consequências de um divórcio: ameaças, pioria da qualidade de vida, amigos divididos, negócios por terra, advogados, tribunais, papelada, venda dos bens, filhos traumatizados...
Uma relação é o que é: ou resulta ou segue-se em frente, e a saúde desta repercute-se evidentemente na do casamento. É triste o fim duma relação, trazer a lei impessoal para o meio só o agravará!
Além do que por vezes, não fosse o casamento, a relação ainda tinha salvação, pois as pessoas concentrar-se-iam, não no arrependimento de se terem casado, mas na salvação da relação, pois só ali estão porque querem.
A verdade é que a partir do momento que as obrigações geradas por este contrato se tornaram reversíveis, ele deixou de fazer sentido!
Acho lindamente celebrar uma união feliz ou a intenção de criar uma família...aliás acho que se deve fazê-lo mais vezes, mas que se o faça duma forma mais criativa do que um instituto falido que só trás pesar.
Aposte-se nas relações, e não em máscaras...Keep it simple!

Nota: a este respeito sugiro o sketch hilariante do Eddie Murphy, k se pode ver neste link:
http://youtube.com/watch?v=SniOXFhwIZ8